Adonai

» David de Sousa on 12:41


"Só fica para a História, aquele que deixa registo"
Ouvi hoje esta frase que ressoou em mim. Falava-se sobre os jornais e sua importância na nossa sociedade. Transportei esta realidade para as nossas comunidades paroquiais. Os jornais paroquiais são uma forma fantástica de evangelização junto das pessoas. Talvez os jovens prefiram cada vez mais a internet, mas o jornal físico é ainda, a meu ver, o melhor garante de fazer chegar a mensagem a todos. Não só pela questão de proximidade por via da sua distribuição, como também de todos estarem em pé de igualdade para terem acesso ao mesmo.
A questão que é logo colocada é a financeira. Será que não é demasiado dispendioso nos dias que correm produzir um jornal? Parece-me, muito sinceramente, bastante mais preocupante a falta de valores instalada e não tanto a falta de verbas. A Palavra de Deus nunca deve ser "poupada" mas sempre que possível veículo para aproximarmos as pessoas de Deus. Seja na palavra de um jornal, seja no gesto de quem o distribui generosamente. Porque, deixar jornais simplesmente em cima das mesas ao fundo das nossas igrejas é algo bastante pobre. Todos procuram um rosto por trás da Palavra do Pai. O distribuir porta-a-porta, pode ser por si mesmo, motivo de união pastoral e de testemunho.
Outro meio muito utilizado é o chamado "Boletim Paroquial" que na maior parte dos casos é usado para os avisos e para uma breve reflexão do Prior. Esta deve ser a sua única utilidade, sendo que, a existir um jornal paroquial (mensal), também poderá ter esta vertente mas de forma mais alargada. Assim, aqueles que não se podem deslocar à paróquia ficam apenas e só restringidos a uma breve "homilia" e avisos de coisas a que nem sequer poderão ir, quando apenas existe um boletim, ainda que semanal. A meu ver, muito pobre. O "Boletim Paroquial" não é veículo de evangelização pois só funciona para consumo interno, para aqueles que já vão à igreja. Por outro lado, na maior parte dos casos, os que os recebem em suas casas, por pedirem a alguém seu conhecido, já tinham uma ligação à igreja. Portanto, mais uma vez, muito pobre.
É necessário alargar horizontes e fazer a Igreja ir ao encontro das pessoas. Não só dos que têm acesso à internet, mas sobretudo à maioria esmagadora dos portugueses que não têm sequer computador, ou tão pouco sabem mexer num. A Igreja não pode ser de elites mas de todos!
Claro que, em alguns casos, existem jornais semanais ou mensais diocesanos. Mas creio que sejam um acrescentar e nunca uma via única e isolada. As pessoas vivem em Igreja uma hierarquia que começa numa dimensão paroquial e que depois passa para uma diocesana. Devemos ter a consciência que pertencemos a uma Diocese, mas sobretudo ganhar este sentido de comunidade. Nesse aspecto, um jornal paroquial pode abordar temas que digam mais às pessoas da paróquia e numa linguagem a que já estejam mais habituadas.
Este jornal passa a ser veículo de evangelização; proximidade entre as pessoas e os seus pastores; conversão a Deus e à Sua Igreja; e acima de tudo um "local" onde se vai escrevendo a História de uma comunidade. Fica a marca do testemunho e um registo para os que hão-de vir.
Será que ter um Jornal Paroquial, mensal ou semanal, é sinónimo simplesmente de gastar tempo e dinheiro?

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