» David de Sousa on 03:02


Venho hoje aqui falar de algo que mexeu comigo. Estive a ver o programa “Grandes Portugueses” que teve a sua final ontem à noite. Para além de não estar a dar mais nada que de jeito nos outros canais, fiquei curioso ao ver uma promoção ao programa apontando apenas três nomes diferentes. Se bem percebi, esta fase final foi disputada a dez finalistas e não a três como deram a entender.

Devo confessar que quando o programa foi lançado, fiquei entusiasmado e até votei no meu Português de eleição que ficou, dentro do possível, bem classificado. Votei em Santo António de Lisboa que ficou em décimo terceiro lugar. Nada mau, se tivermos em conta que ficou à frente de José Mourinho. Outro perigo deste programa é a possibilidade de comparar treinadores com santos, por exemplo, ou mesmo políticos com poetas. Causa sempre falta de contexto dado que temos que ter em conta diferenças temporais e laborais.

A base do programa, como já vimos, não é a melhor. Mas o problema é que foi conduzido de forma estupidamente má!!! Maria Elisa e Daniel Oliveira pareciam estar num “casting” para apresentadores. Esta critica é feita pois julgo ter influenciado o decorrer do programa. Maria Elisa utilizou várias vezes juízos de valor sobre o “P”ortuguês “a” ou “b”. Foi tendenciosa daquilo que já tinha suspeitado ao ver a promoção do programa de ontem.

Para além de mal conduzido, o debate de valores deu lugar a um debate ideológico, o que veio a tornar o seu desfecho num factor de risco. Mas quanto ao final já lá vamos! Centremos atenções na incompetência de Maria Elisa. É claramente uma apresentadora “teleponto-dependente” e que não consegue unir duas frases tendo o auricular a dar-lhe “indicações”. Penso ser esse aliás o factor decisivo! Decisivo para a péssima apresentação! E decisivo para fundamentar aquilo que alguns chamaram de “tentativa de manipulação da História”! Aquele auricular ditou a História de um País moldado a aspectos discriminatórios.

Passando a Daniel Oliveira, apresentador do “Só Visto!”, deu nome ao seu programa. Realmente aquilo só visto!!! Foi ele que conduziu o evoluir dos gráficos qual “menina da meteorologia”. A reter, foi as fotos dos Portugueses não terem legenda com nome, o que nos levou a descobrir que Daniel Oliveira nem sabia os nomes dos “dez mais”, tendo que esperar sempre por indicação do miraculoso auricular.

Falando agora no debate, teve momentos muito bons e outros muito maus. Foi um pouco de “Prós e Contras” mas com dez pontos de vista e, acima de tudo, sem Fátima Campos Ferreira que teria ficado muito melhor neste programa. Até Judite de Sousa não seria mau de todo. Destaco pela positiva a prestação de Paulo Portas como defensor de Dom João II e pela negativa de Odete Santos defensora de Álvaro Cunhal.

Chego agora ao momento da noite! Vão ser anunciados os nomes por ordem de votações. É feita uma paragem nos três últimos nomes. Estes ficam entregues a Aristides de Sousa Mendes (terceiro lugar), Álvaro Cunhal (segundo lugar) e António de Oliveira Salazar (vencedor).

Destaco pela positiva ter sido a primeira votação democrática que este senhor vence. Depois o meu voto caiu para Aristides de Sousa Mendes, homem que recomendo a leitura atenta da sua vida enquanto diplomata e não só. Foi uma pequena vitória ter ficado entre os três grandes portugueses, quando quase ninguém sabia quem era. A disputa dos dois primeiros lugares estava claramente viciada e por isso para mim nem têm relevância alguma. Quem para mim venceu foi Aristides de Sousa Mendes, esse sim um Grande Português!

Devo também lamentar as reacções ao resultado final, tanto por parte de quem ganhou como de quem não ganhou. De quem ganhou mais por causa da plateia afecta ao vencedor que levaram a questão para extremismos políticos. E pela outra parte a reacção, esperada, de Odete Santos tornando tudo numa questão quase Eleitoral ou Partidária. De lamentar…

Quando se escrever a história do 50º aniversário da RTP este programa vai lá estar para mal dos pecados de muitos. Tenho pena que certas mentalidades continuem a prevalecer como conceitos de virtuosismo e boa conduta. Que ganhem concursos destes, pessoas que nunca fizeram bem a ninguém. Salvo desta análise Aristides de Sousa Mendes que tantos salvou do genocídio nazi. Esse sim um Grande Português!!!



Convido agora cada um a deixar aqui a sua opinião ou a dizerem quem é para vocês um Grande Português!

4 Comentários:

Comment by Rui on 26 março, 2007 18:37

Isso é que é desancar nos apresentadores!
Não vi o programa todo apenas uma parte e também verifiquei muita gaguez por parte da Maria Elisa que já teve melhores dias como apresentadora e moderadora televisiva.
Em relação ao meu português de eleição, acabei por me abster de votar, e embora destaque o Aristides (parece que andei com ele na escola)acho que não deveria ser ele o vencedor como também não concordo com os restantes do pódio embora entenda mais a presença do Salazar. Por fim, acho que o maior português devia ser o senhor Manuel Silva que consta atingiu os 2,20 metros de altura.
Rui.

 
Comment by brisa on 26 março, 2007 18:47

Não acompanhei este concurso, o que fui sabendo era através da imprensa escrita, como ontem estive a jantar com uma amiga, irmã de fé e em cristo, não ligámos a televisão, e, assim, foi com espanto que hoje soube quem era o vencedor. Penso que o 1º e 2º lugares deveriam ter desaparecido e o 3º passar para 1º. Alguém que ajudou tanta gente a salvar-se do terror nazi, que o fez em risco da sua própria vida, é que deveria ocupar um lugar de mérito. Mas este concurso não tinha pés nem cabeça, juntar áreas tão distintas é incompreensível, mas estamos no país que estamos e nada admira....

 
Comment by ' Claudjinha on 26 março, 2007 22:10

Aqui está um texto interessante que mais uma vez li até ao fim.

Bem, como é que o Salazar pode ter ganhO?...

Para mim, o Grande Português foi mesmo Fernando Pessoa. Sei que ele ficou nos 10 finalistas, mas a partir daí nunca mais acompanhei. Ele sim, deveria ter ganho!!

Beijinhos

 
Comment by Pinguim Alegre on 27 março, 2007 10:59

Parece-me a mim que o Salazar, veio dar uma imagem mais digna a Portugal. Que veio terminar com a perseguição que a Igreja Católica sofria em portugal, com a humilhação que os bispos e padres sofriam.
Parece-me a mim que o povo portugues nunca teve um aumento no poder de compra tão grande como naquele tempo. Parece-me a mim que nunca o défice foi tão bem reduzido sem que todos o sentissem.
Parece-me a mim, que o Salazar soube gerir muito bem o conflito espanhol, o conflito da 2ª guerra mundial. Pois se ouve alguém que conseguiu dar vistos a judeus para sairem da Alemanha e virem para Portugal, foi porque existiu um dirigente que soube mantem o Territorio neutro...

Penso que as pessoas souberam olhar para salazar e perceber que existiram coisas boas e coisas más, na sua gestão. E que as boas foram muito mais do que as más.

Parece-me a mim. Que se não fosse o Salazar devia ser o Rei D. João II