O Sobrinho

Neste dia que agora termina, e em jeito de partilha para aqueles que aqui costumam vir e cujas caras muitas delas eu nunca vi, peço que comigo façam silêncio. Entrem na mais bela oração de deixarmos de ser nós mesmos para nos misturarmos naquilo que nos rodeia. Faço silêncio pela dúvida que ninguém põe ou pela dor de ninguém a sentir.

Quando para muitos não passo de um actor de sentimentos, vocações e dons, respondo simplesmente com o meu silêncio e com a minha oração comprometida. Cada vez mais custa-me ver a imagem que deixo no espelho da mente de cada um, mas hoje, hoje apenas quero que te juntes a mim.

Agora que fazes silêncio ou julgas ser esta mais uma “beatice”, rezo por ti! Sim, tu que nunca vi! Sim, sombras escondidas por entre esta tela! Rezo por ti, pois sei que agora estás ao meu lado! É difícil separar do “meu” caminho o “nosso” caminho, mas por vezes sinto realmente dor em não conseguir ver nos outros a calma e serenidade que vou tentando encontrar em mim.

Já a caminho do início de mais um dia e no caminho que percorro até casa, tomo como companhia o silêncio, aquele que me é deixado por herança. Mas hoje, quero desafiar-te a fazeres caminho comigo! Hoje quando parei para me encontrar com Ele, foi contigo que quis partilhar este momento! Ousei fazer aquilo que nunca fiz, parei e não quis ficar sozinho!

Hoje, no caminho que fiz até minha casa silenciei os meus medos e receios. Calei dúvidas e esqueci julgamentos. Se não sentires que és daqui, refugia-te no teu mundo. É que hoje, apenas quis fazer silêncio…