O Sobrinho

Queria, e ainda quero, partilhar com o mundo esta força que transporto nestas minhas mãos entranhadas pelo pecado que gira pelo mundo mas que não o faz girar. Quero sentir contigo o risco do medo, da dúvida, da mera “ignorância” de não saber se o futuro está ligado ao d’Ele, se serei capaz de reconhecer no meu ser que faço parte do Seu plano ainda que tantas vezes me sinta perdido. Ainda que tantas vezes não veja aquela luz ao fundo do túnel ou mesmo aquela mão estendida a dizer-me “Foi por ti, porque realmente te amo!”.

Tal como ouvi ontem, por vezes não somos nós que vivemos os dias, são os dias que nos vivem a nós. Julgo ser bem verdade visto de várias perspectivas! Quantos de nós ousamos parar ainda que seja um momento? Parar mesmo e apenas nos maravilharmos com a Sua obra por nós, em nós, e para nós. Ver que tudo isto só faz sentido se fizermos parte deste projecto de radicalidade de um Deus que se oferece todos os dias, mesmo ao nosso lado, nos rostos daqueles que nos rodeiam. Pensar que se a dúvida, o “andar à deriva”, o “não fazer sentido” faz parte da nossa rotina, talvez seja porque nesse mundo que vamos vendo falta a tua marca! Falta a tua vida, o teu rosto, as tuas mãos, os teus pés para seguirmos caminho. Faltas tu, pois sem ti nada fará realmente sentido!

Mais que pescadores de homens, cada um deve ser pescador de rostos de Cristo! Não vale de nada resgatar uma ovelha se ela continua perdida. Se não houver a tua vida como pilar desta busca eterna de Deus nos outros, não haverá redes que prendam e que comprometam cada um à realização desta obra divina. Temos que ser pescadores mas aprendermos a ser redes daquilo que pescamos! Mostrarmos com as nossas vidas o rosto daqu’Ele homem que por nós venceu o madeiro que cruzou a Sua vida com a nossa condição pecadora! Que nos abriu uma passagem que nasce do Seu lado aberto e que nos inscreve nesta Paixão que até hoje completamos dia-a-dia!

Hoje a Igreja jovem e peregrina neste mundo deve continuar a ser escandalizada com este amor total que nos arrasta para sermos testemunhos concretos do ressuscitado! Esta Igreja que está configurada com esta juventude que por vezes é demasiadamente morna no testemunho que dá! Terá que ser o jovem o primeiro a se maravilhar com a descoberta diária daqu’Ele que todos os dias se transforma de pão e vinho em Corpo e Sangue! Têm que ser pioneiros e missionários da Boa Nova! Têm que ousar o permanente desafio de não se contentarem com aquilo que o mundo nos dá, mas sim, com aquilo que Ele nos pede, sempre mais e mais…

A Igreja espalhada pelo mundo vive e sobrevive por cada um de nós! Teremos que ser nós a descruzar os braços, e de mangas arregaçadas, não termos medo de realizar já hoje a promessa que Ele tem prometida para cada um de nós.
Neste mundo falta o teu rosto.
Neste mundo apenas falta o teu “Sim”…