O Sobrinho

Aprendi que na vida não existem coincidências!Antes de encerrar o meu blog "Marcas para sempre..." para férias dediquei este poema tão poderoso e real a alguém muito especial que precisava de ouvir estas palavras uma vez que fosse,apenas para fazer sentido.Pois bem,levei este CD de férias e esta música tocou-me de forma diferente.Confesso que era daquelas músicas que passamos à frente nem sabemos bem porque.Mas depois vem o dia!Aquele dia em que faz sentido estar ali a ouvir apenas para esquecer de tudo e nela mergulhar.Hoje ouvi parte daquilo que sonhei ouvir sem saber!Hoje deixo-te apenas aquilo que realmente eu ouvi...

Geme o restolho triste e solitário
A embalar a noite escura e fria
E a perder-se no olhar da ventania
Que canta ao tom do velho campanário

Geme o restolho preso de saudade
Esquecido, enlouquecido, dominado
Escondido entre as sombras do montado
Sem forças e sem cor e sem vontade

Geme o restolho a transpirar de chuva
Nos campos que a ceifeira mutilou
Dormindo em velhos sonhos que sonhou
Na alma a mágoa enorme, intensa, aguda

MAS É PRESISO MORRER E NASCER DE NOVO
SEMEAR NO PÓ E VOLTAR A COLHER
HÁ QUE SER TRIGO, DEPOIS SER RESTOLHO
HÁ QUE PENAR PRA APRENDER A VIVER

E A VIDA NÃO É EXISTIR SEM MAIS NADA
A VIDA NÃO É DIA SIM DIA NÃO
É FEITA EM CADA ENTREGA ALUCINADA
PRA RECEBER DAQUILO QUE AUMENTA O CORAÇÃO!

O Restolho,Mafalda Veiga