» David de Sousa on 01:30



Vou contar-vos uma história que ouvi aqui à uns tempos e que desde então não consigo esquecer.

“Esta história é real! Quisera eu não saber da sua existência mas a verdade é que sei e agora vou partilhá-la convosco para que a sua mensagem não seja esquecida. No nosso país, um casal ali dos lados da Nazaré esperava a chegada do seu primeiro filho. De origens pobres, este casal vivia com algumas dificuldades. Ela ainda era nova e estava em casa pois, com o avançado tempo de gravidez, já não conseguia trabalhar. Ele era carpinteiro e consertava barcos. Dizia que um dia o seu filho não haveria de ser como ele, um pobre coitado. Sonhava que o filho fosse pescador! Fosse corajoso e que enfrentasse tudo até ao limite! Que fosse pescador de corações ao longo da sua vida!

Estávamos no nono mês de gravidez e a mãe teve que vir para Lisboa pois o pai achara que na capital teria mais condições hospitalares para o parto. Chegou o dia tão esperado! Correram então para uma avenida para tentarem apanhar um táxi pois a hora já ia avançada. Já eram 22h30 do dia 24 de Dezembro! As pessoas estavam com as suas famílias e por isso não havia ninguém nas ruas. O tempo passava e o casal avançava avenida fora em busca de auxílio. Os poucos com que se cruzavam diziam ter pressa e que não tinham tempo pois a família os esperava. Estes pais também esperavam o seu filho. Começaram então a bater às portas mas ninguém abria. Desistiram então de caminhar… o momento chegara! Viram então uma placa na estação dos autocarros que dizia “Belém”. Procuraram, desesperados, um abrigo naquela noite fria.

Viram um beco onde dormiam alguns animais vadios. E foi ali mesmo que o menino nasceu. O relógio do Mosteiro dos Jerónimos dava as 12 badaladas quando o menino nasceu. Longe das festas, longe dos incensos e das solenidades daquele natal, este menino ousou nascer no meio do mundo quando ninguém lhe deu abrigo. Preocupados com as coisas do mundo, os seus corações estavam frios como aquela noite e não viram que ali mesmo uma vida sorria para eles.

Tudo o que sei depois disto é que passados anos, e depois dos pais terem partido para junto de Deus, este menino, agora homem, continua a pernoitar nas ruas de Lisboa. Ainda hoje, cativa todos pela sua diferença mas o mundo prefere continuar a deixá-lo dormir nas ruas. Faz caridade de fachada e nem se importa em saber o seu nome. Hoje se te cruzares com ele na rua cumprimenta-o. Na rua, por saberem as suas origens, todos o tratam por… Jesus de Nazaré!”

Quis partilhar esta história apenas por um motivo. Queria fazer-te uma pergunta, em que me incluo: depois de sabermos isto achas que estamos em advento para a vinda do Senhor? Ou vamos preferir que a história se repita?…

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