O Sobrinho

Hoje foi um dia muito especial para mim. Tirando que cheguei a casa todo molhado, passei por aquilo que se pode dizer que é o “abraço gratuito de Deus”! Senti o vento que pulsa do Seu pulmão e o ar denso de um olhar profundo.
Fui vendo chapéus-de-chuva partidos, sonhos diluídos na água de uma gota, apenas na fiel esperança de ver aquela poça um dia correr para o mar. Vi tudo isto mas algo me chamou a atenção: os rostos!

Mais uma vez, deixei-me maravilhar pela beleza de um rosto lavado pelas lágrimas da chuva. Misturados com a dor de estar e a vontade de não estar. Reféns do sabor do vento ou de mais uma investida da maré! Olho novamente os rostos que se perdem sem perceberem que estou ali. Sou “nada” num “tudo” que nem sabe que existo.
Olho pela janela e nada vejo! Apesar do mar ali tão perto, hoje ele fugiu para longe de mim! Sinto a sua presença apesar de não o ver! O embaciamento de um vidro faz com que olhe novamente aquelas pessoas que partilham viagem a meu lado. Redescubro novas caras em caras já antigas. Volto a passar os olhos pelo horizonte mas ele teima em ficar do lado de dentro daquela janela, hoje feita espelho para mim.
Quando chego ao meu destino apercebo-me daquilo que vivi! Nada mais foi que o despertar para a vida!

Por mais que eu quisesse olhar o horizonte ele estava perto de mim. Apenas consegui ver que ele está no reflexo que aquele vidro me mostrou…eu mesmo. E por mais que não queira, quando olho bem para dentro de mim e não me preocupo com o que virá, “apenas” os outros ficam para seguir o caminho das dúvidas a meu lado!

Quando um dia me lembrar do que hoje aconteceu, não vou lembrar as inundações ou o vento. Por mais que não queiram aceitar hoje Deus apenas me quis abraçar com uma lágrima e num sopro que fica gravado lá dentro dizer…QUE NINGUÉM ME AMA COMO ELE!!!