O Sobrinho

É este o desafio que nos é proposto para o dia de hoje! Fazer do Evangelho motivo de entrega e doação. Uma entrega total e sem receios! Ao celebrarmos hoje a memória de um santo pastor da Igreja, como foi São Bartolomeu dos Mártires, não devemos cair no erro de julgar isso como uma mera “beatice” ou motivo de fuga das nossas responsabilidades por associarmos isso a “mofo” e “teias de aranha”. Nada disso!!

Ao percorrermos as leituras do dia de hoje, vejo um homem radical, como foi São Paulo, pedir que façamos da Palavra de Deus “isco” para chamar à luz aqueles que deambulam na sombra. Fazer da evangelização motivo de mobilização de todos, e fazê-lo sempre pelo todo a que pertencemos. Não se trata de uma questão meramente atribuída a profetas ou sacerdotes, mas reconhecer que exercemos um ministério muito particular nesta Igreja da qual somos corpo. Se fazemos isso sem esperar glória ou algo em troca, tenhamos certo que a nossa recompensa será a plenitude de uma Páscoa que não terá fim, uma vida que abrirá fronteiras ao absoluto da nossa existência.

O salmo apresenta-nos a resposta ao evangelho de hoje que tem como mote: «A seara é grande, mas os trabalhadores são poucos. Pedi ao Senhor da seara que envie trabalhadores para a sua seara.». A resposta deverá ser um: «Eu venho, Senhor, para fazer a vossa vontade.». Ao voltar a ouvir estas palavras, não posso deixar de partilhar convosco um momento muito particular da minha vida. Este desafio, a que tantos responderam desta forma, também a mim era lançado numa eucaristia que vivi de forma particular. Desde então, este salmo só me faz sentido com este evangelho pois ambos são o verdadeiro desafio que nos é colocado. É pedido que alguém ajude a sustentar a cruz que este povo peregrino de Deus transporta. É urgente, pastores que guiem este povo! Mas é preciso sobretudo que cada um “gaste” os seus dons na construção da morada do Senhor neste mundo. Desde esse dia, que me ficou marcado, estas palavras tornaram-se um modo de manter viva a chama que queima tantos corações como o meu. Não na teoria mas na prática e na vivência de cada momento. Tomar estas palavras como guias não é nada fácil, mas Cristo não prometeu a facilidade mas a felicidade, ainda que esta não seja fácil.

Escrever este texto é para mim motivo de alegria imensa. A Palavra de Deus por si mesma bastava, mas quis fazer esta breve reflexão com cada um para mais uma vez juntos percorrermos os caminhos da fé.

Deixo apenas um convite a todos: hoje participem na eucaristia, ou pelo menos, leiam a Leitura e o Evangelho do dia. Como podemos ficar indiferentes a este desafio que Ele nos lança. Sejamos antes diferentes e muito e “à frente” ao estarmos presentes na festa que Ele prepara todos os dias para nós. Mostremos ao mundo o que nos move ou descubramos pela primeira vez o abraço de Cristo presente naquele altar. Cada um tem a liberdade de aceitar este convite ou não mas se nada tememos, para quê recusar? A ti cristão, a ti jovem, a ti homem, a ti mulher, a ti leitor, a ti mero visitante deste espaço…são vocês os convidados a serem escolhidos. Faz-te também tu ao largo, pois eu lá estarei contigo!