» David de Sousa on 14:37


Começo hoje a minha reflexão com o final do evangelho deste domingo. Cada um de nós deverá ter esta promessa como certa mas não como sinal de glória. “Longe de mim gloriar-me, a não ser na cruz de Cristo, pela qual o mundo está crucificado a mim e eu ao mundo.”- diz-nos São Paulo, apóstolo que transporta no seu corpo as marcas daquela paixão que mostrou a sua vitória numa cruz. Aquele sagrado instrumento que causou a rotura do que é entregar-se de braços abertos a um amor, estender os braços a uma opção radical de vida.

Deus nunca nos deixa sozinhos, ainda que tantos corações se sintam órfãos, ainda que muitos ainda estejam presos a um túmulo já vazio. No concreto das nossas vidas, por vezes somos atraídos a seguirmos caminhos vazios, pensando que assim chegaremos mais facilmente a um rumo de vida. Pois, Cristo envia os seus discípulos dois a dois “como ovelhas para o meio de lobos” e mostra que a cumplicidade é motor de comunidade, de amor e daquilo a que chamamos de ideal. Esse ideal que seguimos, não está na fraqueza de um só, mas na multiplicidade de um só Ser. Teremos que ser mais, teremos que fazer mais, teremos que ir mais além!

“A seara é grande, mas os trabalhadores são poucos. Pedi ao dono da seara que mande trabalhadores para a sua seara”. Devemos ser humildes pedintes do amor de Deus. Devemos pedir que a seara encontre trabalhadores que se entreguem por amor a uma vida consagrada a servir, sem esperarem serem servidos. Onde o poder está em duas mãos postas ao serviço de um povo que clama no deserto, como outrora. Pede um sinal, não vindo dos Céus, mas de testemunhos credíveis, vidas desnudadas do acessório e voltadas para o essencial. Pastores que indiquem um caminho de felicidade, ainda que este tantas vezes custe. Mas cada um deve antes de mais pedir um discernimento no seu coração ferido, não só pelos estigmas de Cristo, mas também com os “golpes” que por vezes temos de sentir na nossa pele. “ Haveis de ser perseguidos por minha causa. Hão-de difamar-vos, apedrejar-vos e cuspir-vos”. Quantas vezes não sentimos essas flechas apontadas ao nosso coração, onde dói? Quantas vezes a vida, ou por quem ela passa, nos vai “cuspindo” a indiferença ou projectos de facilidade que se afastam do rumo a seguir?
A Igreja, peregrina neste mundo, pede cada vez mais profetas dos novos tempos. Profetas que transportem em seus corações o que ouviram um dia: “ Toma consciência do que virás a fazer, imita o que virás a realizar, e conforma a tua vida com o mistério da cruz do Senhor”. Deve ser este lema e motivo de comprometimento total a este cálice que é entregue a cada um nas suas vidas. Completemos nelas o caminho que nos fará audazes descobridores do absoluto que espera por nós. Que cada um ao longo do caminho de doação que faz seja capaz de “crer o que lê, ensinar o que crê e viver o que ensina”…pois hoje podes ter a certeza…que é o teu nome que está escrito nos Céus!

2 Comentários:

Comment by a ervilha on 06 julho, 2007 18:38

Obrigada

Baci

 
Comment by Ver para crer on 07 julho, 2007 18:59

Deus chama e é preciso aceitar o convite. Nem que seja escrever algo que leve as pessoas a amarem mais a Deus e ao próximo...