
Estive a ler hoje alguns textos que escrevi neste mesmo blog por causa de uma foto ou outra que andava perdida dos meus “ficheiros”. Sem querer fui lendo vários textos que passaram várias fases da minha vida. Por mais que não queira, com a devida distância, os textos acabam por se tornar um pouco autobiográficos na medida em que não falando directamente de algo, conseguem no seu todo exprimir sentimentos que vivi enquanto escrevia os mesmos.
Reparei que o meu blog teve alguns pontos-chave que fizeram mudar o rumo das coisas até aos dias de hoje. Vejo por exemplo há um ano um espírito diferente do que sinto hoje, apesar de ao ler os textos de então, sentir cada frase como se estivesse a ser vivida hoje. Depois surgiu a despedida para férias no início de Agosto. Lembro-me do sentimento que trazia em meu peito. Sentia vontade de sair e ao mesmo tempo de ficar. Sentia que quando chegasse tudo estaria diferente.
Então chegou o dia 9 de Setembro, dia em que abri a nova “temporada” deste blog. Nesse dia também tive a mudança de prior aqui na minha paróquia. Todo o mês que se seguiu foi de alguma incerteza e dúvida mas com firmes alicerces em algo que julgávamos que não se alteraria por mais mudanças que houvessem.
Depois veio o dia 1 de Outubro! Nesse dia, estava revoltado acho que comigo mesmo. Vi que algo que pensava que fosse melhorar ainda piorou. Julguei que fosse capaz de suportar distâncias, mas a dor foi ganhando terreno e aos poucos e poucos a minha desilusão foi aumentando. O mês de Novembro veio a ser o culminar de algo que se tornava cada vez mais intenso e corrosivo para todos nós que amamos esta paróquia.
Li também alguns comentários desse mês e que desencadearam alguns textos do mês seguinte. Estava a chegar o Natal, mas os nossos corações estavam amarrados ao cais pois o mar estava muito agreste e não deixava definir nenhuma rota segura. Tudo o que víamos (e vemos) eram luzes de algo a que chamaram “obras”! Não as que Deus pediu no Evangelho mas as outras de baldes de cimento. No início deste ano pensei que esta caminhada quaresmal fosse feita entre baldes de areia. Não do deserto mas de uma qualquer empresa de construção civil. Julgo que não vou ver tal aberração e só por isso estou feliz.
Não me esqueço que vi números do jornal “Raízes” a não saírem. Vi noites de oração em que parecia ser um enterro definitivo de um sonho. Vi pessoas a sair de grupos. Vi cada vezes mais pessoas a quererem sair de grupos.
Tudo isto estava em rota de colisão com o fundo do poço, até que no dia 28 de Janeiro, veio à nossa comunidade o Sr. D. Manuel Clemente, nosso bispo auxiliar. Acreditem que foi neste dia que senti aquilo que pode ser mau ou bom, dependendo do ponto de vista. Lembro-me de ter pensado que, por coisas que não aconteceram como o desejado, que finalmente era oficial: tínhamos batido no fundo!!! O lado bom é que se já batemos no fundo agora a tendência só pode ser de melhorar. E, acreditem ou não, foi isso que aconteceu! As coisas bem não ficaram (nem estão), mas que evoluíram positivamente não haja dúvidas.
Vi de novo os jovens a lutarem pelo “Raízes” e a reavivarem o “Raiz”. Vi as noites de oração a entrarem em velocidade “cruzeiro”. Nem todos os que desistiram voltaram, mas entraram também novos elementos nos vários grupos. No final as coisas parecem estar a apontar de novo para o cimo do monte. Tal como alguém diz: “Por vezes caminhamos rápido, outras devagar. Mas sempre a caminhar…”. Estou convencido, que apesar de ser devagar, o importante é que temos vindo a caminhar! Já vou vendo sinais que apontam que alguém decidiu ver que existia uma comunidade que era mais importante e que pedia mais dele que todas as outras. Conseguiu perceber que só viveremos algo que já viveu se também se decidir viver algo que nós vivemos. Assentar o seu propósito no pilar da partilha. Aquele dom de se dar totalmente! Se entregar a uma radicalidade que tantas vezes custa! Mostrar que quer seguir caminho ao nosso lado.
Hoje este texto não é para ser lido, pois sei que muitos não vão chegar aqui ou então passaram o desenvolvimento e chegam agora aqui à conclusão sem lerem o resto. Apenas para terminar, quero dizer que existe uma forma que um dia aprendi, e que nunca vou esquecer, do que é ser este radical de Deus. Vi também vários textos dessa pessoa que me marcou e marca. Aquela pessoa que faz tudo fazer sentido quando me sinto mais perdido. Tio, agradeço estares aí desse lado pois nestes tempos que vivemos, tu serás sempre o meu exemplo a seguir.
Permitam-me a ousadia, mas para vocês… 266
Reparei que o meu blog teve alguns pontos-chave que fizeram mudar o rumo das coisas até aos dias de hoje. Vejo por exemplo há um ano um espírito diferente do que sinto hoje, apesar de ao ler os textos de então, sentir cada frase como se estivesse a ser vivida hoje. Depois surgiu a despedida para férias no início de Agosto. Lembro-me do sentimento que trazia em meu peito. Sentia vontade de sair e ao mesmo tempo de ficar. Sentia que quando chegasse tudo estaria diferente.
Então chegou o dia 9 de Setembro, dia em que abri a nova “temporada” deste blog. Nesse dia também tive a mudança de prior aqui na minha paróquia. Todo o mês que se seguiu foi de alguma incerteza e dúvida mas com firmes alicerces em algo que julgávamos que não se alteraria por mais mudanças que houvessem.
Depois veio o dia 1 de Outubro! Nesse dia, estava revoltado acho que comigo mesmo. Vi que algo que pensava que fosse melhorar ainda piorou. Julguei que fosse capaz de suportar distâncias, mas a dor foi ganhando terreno e aos poucos e poucos a minha desilusão foi aumentando. O mês de Novembro veio a ser o culminar de algo que se tornava cada vez mais intenso e corrosivo para todos nós que amamos esta paróquia.
Li também alguns comentários desse mês e que desencadearam alguns textos do mês seguinte. Estava a chegar o Natal, mas os nossos corações estavam amarrados ao cais pois o mar estava muito agreste e não deixava definir nenhuma rota segura. Tudo o que víamos (e vemos) eram luzes de algo a que chamaram “obras”! Não as que Deus pediu no Evangelho mas as outras de baldes de cimento. No início deste ano pensei que esta caminhada quaresmal fosse feita entre baldes de areia. Não do deserto mas de uma qualquer empresa de construção civil. Julgo que não vou ver tal aberração e só por isso estou feliz.
Não me esqueço que vi números do jornal “Raízes” a não saírem. Vi noites de oração em que parecia ser um enterro definitivo de um sonho. Vi pessoas a sair de grupos. Vi cada vezes mais pessoas a quererem sair de grupos.
Tudo isto estava em rota de colisão com o fundo do poço, até que no dia 28 de Janeiro, veio à nossa comunidade o Sr. D. Manuel Clemente, nosso bispo auxiliar. Acreditem que foi neste dia que senti aquilo que pode ser mau ou bom, dependendo do ponto de vista. Lembro-me de ter pensado que, por coisas que não aconteceram como o desejado, que finalmente era oficial: tínhamos batido no fundo!!! O lado bom é que se já batemos no fundo agora a tendência só pode ser de melhorar. E, acreditem ou não, foi isso que aconteceu! As coisas bem não ficaram (nem estão), mas que evoluíram positivamente não haja dúvidas.
Vi de novo os jovens a lutarem pelo “Raízes” e a reavivarem o “Raiz”. Vi as noites de oração a entrarem em velocidade “cruzeiro”. Nem todos os que desistiram voltaram, mas entraram também novos elementos nos vários grupos. No final as coisas parecem estar a apontar de novo para o cimo do monte. Tal como alguém diz: “Por vezes caminhamos rápido, outras devagar. Mas sempre a caminhar…”. Estou convencido, que apesar de ser devagar, o importante é que temos vindo a caminhar! Já vou vendo sinais que apontam que alguém decidiu ver que existia uma comunidade que era mais importante e que pedia mais dele que todas as outras. Conseguiu perceber que só viveremos algo que já viveu se também se decidir viver algo que nós vivemos. Assentar o seu propósito no pilar da partilha. Aquele dom de se dar totalmente! Se entregar a uma radicalidade que tantas vezes custa! Mostrar que quer seguir caminho ao nosso lado.
Hoje este texto não é para ser lido, pois sei que muitos não vão chegar aqui ou então passaram o desenvolvimento e chegam agora aqui à conclusão sem lerem o resto. Apenas para terminar, quero dizer que existe uma forma que um dia aprendi, e que nunca vou esquecer, do que é ser este radical de Deus. Vi também vários textos dessa pessoa que me marcou e marca. Aquela pessoa que faz tudo fazer sentido quando me sinto mais perdido. Tio, agradeço estares aí desse lado pois nestes tempos que vivemos, tu serás sempre o meu exemplo a seguir.
Permitam-me a ousadia, mas para vocês… 266
7 Comentários:
Muito bem|!!!!
Parabéns a ti e ao Tio!!!
Eu também tenho um ...Tio!!!
Beijitos no teu coração!!
:)
Li o teu texto todo e senti tantos pontos de contacto entre aas tuas reflexões e as minhas. Também eu fui um barco ancorado, por vezes à deriva, também eu senti o desânimo. Mas numa altura em que me sentei na igreja, com ela na penumbra, e olhando a cruz, foi-me questionando onde iriamos parar..., o porquê desta descida vertiginosa até ao fundo do poço... senti um desalento tão grande, achar que os que eram mais novos estavam a "fugir" e eu a lutar para ficar, para também eu não fugir...
Lembrei-me tanto do Tio, das suas palavras, do seu porto de abrigo, tornei a olhar a cruz... Afinal quem vale mais? Quem está sempre ali à nossa espera?
O Tio continua sempre a ser aquele porto de abrigo, mas deveremos aceitar outro Tio, caminhar e sguir sempre palo que vale mais, por este ideal que abraçámos um dia.
Antes de mais,o q é "266"?
Eu correspondi ah tua previsao, saltei o desenvolvimento e passei logo ah conclusao. Mas depois li o que tinhas escrito e fiquei cheia de "remorsos", voltei atrás e li (quase) tudo xD
Perdoa-me,mas se há coisa que eu adoro é escrever... se há coisa que eu detesto é ler! Sei que é contraditório,mas acontece...
Mas passando à frente, do que li do teu texto, ADOREEIII. Conseguiste escrever mais de 2 paragrafos sem falar em Deus, e isso foi o que manteve o meu (quase) total interesse (com o devido respeito,claro,e desculpa se te ofendo ao ser tão sincera). Mas gostei mesmo muito muito! Eu um dia escrevi um texto muito,mesmo muito parecido com esse. Estava tão grande ou maior que o teu,por isso presuponho que a maioria das pessoas tenha sido como eu: saltar metade!! Só que eu não me lembrei da "estratégia" de escrever "sei que a maioria das pessoas não vai ler isto tudo e vai saltar logo para o fim"... Por isso ninguém deve ter ficado com remorsos como eu e voltado atrás para ler!! looool mas pronto,a sério, Parabéns, o texto está FANTÁSTICO (e nem seria de esperar outra coisa do autor que é... eheh)..
BeijinhOs**
266 é um "código" que tem um valor muito grande para algumas pessoas que conheço.
És como eu. Escrever tudo bem, agora leituras...confesso que não leio quase nada!
bjs...
Li o teu texto todo e digo-te que estas fases menos boas só existem para pessoas que podem com elas. Que são tão fortes que conseguem suportar e levantarem-se olhando paro o alto. Continua a remar, ainda que seja devagar. O que interessa é remar. um abraço
Sobrinho, consegui ler o teu texto, consegui perceber a confusão que viveste, percebo muitas delas, mas fico mto mais feliz por sentir que afinal te colocaste em marcha rumo ao mais importante.
um grande abraço
Bons dias...estava de passagem...e nao podia deixar de dizer que gostei do teu texto...apenas me surge uma duvida...será que todos tiveram a força para voltar para cima?ou será que nao ficaram muitos lá em baixo?!concordo que entram pessoas novas para os grupos...mas para mim o grande problema continua a ser os tantos que sairam....desculpa a minha teimosia neste aspecto..!
Um abraço...
266 nao é apenas um numero..é vidas cúmplices...!
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